Leis e direitos, deveres de todos? Feliz aniversário Curitiba.



Hoje, 29 de março de 2013, dia de fundação de Curitiba, nome guarani, pois, aqui, há tempos imemoriais já existia muita gente vivendo; é aniversário de uma cidade com 320 anos de fundação. Povoação que viria a ser a capital do estado do Paraná.
Em tese o Paraná é rico, exporta milhões de toneladas de alimentos, possui indústrias e será uma das sedes da Copa do Mundo.
Tão rica que até poderia fazer seu metrô, se grande parte da receita fiscal do estado não se perdesse nos desmandos brasilienses.
Pois bem, fomos ao centro da cidade para doar alguns livros.
Paramos o carro na Praça Rui Barbosa. De imediato um moço se aproximou pedindo dinheiro. Irritado com “guardadores de carro” que poderiam ser pedreiros, carpinteiros, eletricistas, jardineiros etc. reagi de forma grosseira. A resposta calma e em voz que mostrava sinceridade foi simplesmente “prefiro pedir esmolas a roubar”. Olhando melhor percebi que o moço não tinha as marcas de delinquentes que já infestam a cidade; aproximei-me dele e comecei a conversar. Perguntei seu nome, coloquei meu braço direito sobre seus ombros e quis saber sua idade: 16 anos. Perguntei onde morava, ele me disse que vivia por ali (calçadas).
Pensei, 16 anos, pode trabalhar? Nossas leis dizem o quê? Onde estão aqueles que deveriam cuidar desse jovem provavelmente sem família, sem teto, sem qualquer amparo?
Com certeza deve existir uma estrutura de apoio a esses garotos, o que fazem seus funcionários no dia 29 de março de 2013? Porque não estão fazendo plantão visível na Praça Rui Barbosa?
Quando vivemos numa cidade que gasta fábulas de dinheiro para fortalecer suas vaidades e que se tornou rica graças ao extermínio da população indígena, ao trabalho escravo e outras formas justas e injustas, seria perfeitamente correto e necessário existir prioridade absoluta no acolhimento dos deserdados das fazendas, dos órfãos da escravidão e da riqueza construída com os piores vícios de povos que nunca souberam viver fraternalmente. A escravidão era natural assim como o genocídio em qualquer continente, inclusive entre os povos pré-colombianos. Vendo sob esse prisma sentimos que culpar nossos ancestrais não é lógico, mas felizmente talvez tenhamos superado as teses mais violentas de exclusão e nesse início do século 21 exista uma forma de mudar regras e éticas, algo que até a Igreja Católica descobriu ser necessário, urgente e cristão.
Dei míseros dez reais e pedi ao moço que não usasse o dinheiro para drogas, sim, drogas que são tão baratas quanto mortíferas.
Onde, contudo, estaria a vigilância social para fazer cumprir leis e artigos de nossa Constituição federal que falam tanto em respeito às crianças e aos jovens?
Precisamos abandonar a hipocrisia e a estratégia de bajulação aos deuses etéreos e terrenos, nada mais divino e sublime do que simplesmente fazer valer de forma objetiva o que Jesus cansou de pregar enquanto viveu entre nós.
Quem é cristão realmente?
Mais ainda, vendo a propaganda de Curitiba (de mau gosto), é bom lembrar que mais importante do que ser curitibano é querer construir uma civilização saudável de corpo e alma, sem perguntar onde o ser humano que estiver mais próximo nasceu, mora ou trabalha.
O amor deve ser universal, sem fronteiras de qualquer espécie.
Feliz Páscoa.
Cascaes
29.3.2013

Comentários